Seminário sobre diversidade e inclusão inicia no Campus São Vicente do Sul
Hoje (16) a quarta edição do Seminário de Educação, Diversidade e Inclusão (SEDI) iniciou no Campus São Vicente do Sul. O evento, que é voltado para estudantes do ensino superior, servidores públicos e professores da rede pública de ensino, segue até quarta-feira.
Anexos:
- Programação SEDI (326 Downloads)
O objetivo do seminário é oportunizar espaços de reflexão, formação e discussão sobre os novos tempos e desafios da realidade educacional brasileira, promovendo o debate de temas que aproximem as ações inclusivas e a assistência estudantil.
O SEDI foi realizado, pela primeira vez, em 2003 no Campus São Vicente do Sul. A partir deste ano, o evento passou a ter caráter institucional, reunindo participantes de todos os campi da instituição. A intenção é que o evento seja realizado bianualmente de forma itinerante.
Para a abertura da quarta edição do evento, estiveram presentes o Pró-reitor de Ensino, Édison Brito da Silva, o Diretor do Campus São Vicente do Sul, Deivid de Oliveira, a Coordenadora de Ações Inclusivas, Fernanda Machado, o Diretor de Assistência Estudantil, Hermes Uberti, e a Coordenadora de Ações Inclusivas do Campus São Vicente do Sul, Letícia Jobim.
O professor Hermes destacou a importância do diálogo para que todas as diferenças possam ser ouvidas, reconhecidas e respeitadas. Mencionou ainda a importância de eventos como o SEDI para a formação docente ao contribuirem para o debate e para a construção de uma sociedade mais plural.
O diretor do campus destacou a expansão do evento neste ano: "o SEDI deixa de ser um fruto deste campus para ser uma semente semeada por todo o IFFar". Segundo Deivid, o caráter itinerante é um símbolo da sua diversidade, pois permite que todos os campi sediem o evento. Além disso, destacou a importância da sensibilização para que se possa "desconstruir e transformar conceitos que são vistos como pré-conceitos".
O Pró-reitor de Ensino, na ocasião representando a Reitora do IFFar, ressaltou que "podemos ter consciências diferentes, mas isso não faz com que possamos desrespeitar direitos". Édison destacou ainda a importância da união para vencer as barreiras da intolerância, fazendo com que visões diferentes possam coexistir sem que nenhum direito seja prejudicado.
A primeira palestrante da tarde foi a professora Jane Felipe de Souza, que trouxe o tema "Scripts de gênero na contemporaneidade: implicações para a formação docente". A professora falou sobre os scripts destinados para cada gênero, ou seja, normatizações definidas socialmente sobre o que é esperado em relação às meninas e aos meninos. Introduziu ainda o conceito de "pedofilização" enquanto uma prática social contemporânea, que ganha, ainda mais força, através da espetacularização promovida pela mídia. Jane mencionou exemplos de como a infância é tratada como um fetiche, levando à erotização dos corpos infantis e banalizando o assédio. Para ela, "a escola precisa discutir sobre gênero, pois tem o compromisso de formar cidadãos e defender os direitos humanos. Por isso, torna-se tão importante o investimento na formação docente".
A segunda conferência do dia ficou por conta da professora Adriana Souza que debateu sobre os sistemas de exclusão a partir de uma visão socioantropológica de existências em maior vulnerabilidade. Adriana refletiu sobre o quanto conduzimos nosso comportamento em função do medo que sentimentos de frustrar as expectativas dos nossos pais. Além disso, definiu a escola enquanto uma "micro-sociedade", um espaço onde a criança mostra traços de sua individualidade, muitas vezes, não desenvolvidos no ambiente familiar. Ela pontuou exemplos das exclusões reais geradas por enquadramentos sociais, os quais estabelecem normatizações sobre o que é certo e errado, acarretando sofrimento e ansiedade para muitos sujeitos. Para ela, "não falar sobre o assunto contribui com o sistema opressor, gera mais invisibilidades, mais classificações estanques de gênero". Finalizando sua fala, Adriana ressaltou que o professor que silencia sobre questões de gênero está perpetuando vulnerabilidades. "Temos que deixar claro que a educação não muda o mundo. A educação transforma pessoas para que elas mudem o mundo".
Aproveitando o espaço para colocações no fim da palestra, a aluna do Curso Técnico em Agropecuária do Campus Santo Augusto, Letícia Strossi, deu um depoimento sobre determinados comentários machistas que ainda ouve de alguns colegas: "Por ser mulher, muitos meninos acham que não temos capacidade para fazer o curso, porque não vamos ter força para levantar um saco de adubo, por exemplo". A aluna disse que só começou a perceber que fazia parte de uma minoria ao participar do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual (Nugedis) do campus. "Eu só consegui entender por que eu era minoria quando ingressei no núcleo de estudos. Comecei a entender o que isso significava e passei a lutar por direitos iguais e por mais respeito". Letícia destacou a importância de momentos que possibilitem a conscientização da sociedade e a visibilidade de grupos minoritários para que os direitos humanos sejam sempre foco de atenção.
À noite, o evento conta com um relato de experiências entre representantes dos NAPNEs do IFFar (Núcleos de Apoio à Pessoa com Necessidades Educacionais Especiais).
A carga horária do evento é de 40 horas, sendo 36 horas presenciais e 4 horas a distância. A programação completa pode ser conferida em anexo. O evento está sendo transmitido ao vivo pela WebTV do IFFar pelo endereço www.webtv.iffarroupilha.edu.br.
https://iffar.edu.br/ultimas-noticias/item/6507-semin%C3%A1rio-sobre-inclus%C3%A3o-e-diversidade-inicia-no-campus-s%C3%A3o-vicente-do-sul#sigProId5245103d67
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