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De Manaus ao IFFar: a travessia de Jovane em busca da educação

Publicado em Quarta, 16 de Julho de 2025, 10h05 | por Secretaria de Comunicação | Voltar à página anterior

No universo de possibilidades que a educação oferece, há histórias que se destacam pela força do propósito. A de Jovane Ferreira Júnior é uma delas. Vindo de Manaus, capital do Amazonas, ele traçou um caminho incomum ao cruzar o país em busca de um objetivo que cresceu em Frederico Westphalen, no campus do IFFar.

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Jovane, em 2024, durante procedimento cirúrgico em um animal de pequeno porte durante o curso de Medicina Veterinária no Campus Frederico Westphalen

Filho de uma família amorosa e batalhadora, Jovane Ferreira Júnior teve uma infância marcada por amizades, boas escolas, festas tradicionais e pelas paisagens exuberantes do Amazonas. Ele conta que sempre nutriu um grande amor pela natureza, e desde pequeno quis estudar algo que envolvesse o cuidado com as plantas e animais.

Durante muito tempo, no entanto, esse objetivo parecia algo distante - e literalmente era. As opções de cursos disponíveis em Manaus eram mais voltadas para áreas como a informática, e ele sentia que ainda não havia encontrado um caminho que realmente o motivasse.

Foi então que, em 2014, durante uma visita a familiares no interior do Rio Grande do Sul, ele conheceu o campus de Frederico Westphalen e o curso Técnico Integrado ao Ensino Médio de Agropecuária. Naquele momento seu coração bateu mais forte.

O projeto pedagógico do curso, que aliava teoria, prática e o contato direto com o ambiente rural, lhe encantou de imediato. Mas a decisão de deixar sua cidade e sua família não foi nada fácil. A mãe, dona Cláudia Ferreira Guimarães, não escondeu a angústia ao ver Jovane sair de casa, mas logo percebeu que aquele era o sonho do filho e que deixá-lo partir era também um gesto de amor. Já o pai, seu Jovane Ferreira, ofereceu apoio incondicional. “A gente não podia impedir que ele realizasse o sonho dele por causa do nosso egoísmo”, ponderou.

Então, com a bênção dos pais, Jovane participou do processo seletivo e foi aprovado. A partir dali iniciava uma travessia que mudaria sua vida.

Choque geocultural e amadurecimento
A chegada ao Rio Grande do Sul de início causou estranhamento. “O clima, a paisagem, o sotaque, os costumes, tudo era diferente”, relembra. O frio foi o que mais lhe chamou a atenção, mas logo as baixas temperaturas o cativaram. Calorosa, porém, foi a recepção das pessoas. “Em Frederico Westphalen eu encontrei muita receptividade. Apesar da curiosidade, sempre fui tratado com bastante carinho e respeito. Isso facilitou muito a minha adaptação”, relata.

A saudade da família e das facilidades da cidade grande foram seus maiores desafios. Mas com o tempo ele passou a valorizar o silêncio, o espaço e a paz do interior. Hoje o churrasco e o pinhão no inverno já fazem parte da sua rotina.

Durante os três anos do curso técnico, Jovane morou no campus. Ali, cresceu, tornou-se mais confiante, comunicativo e maduro. Nesse ambiente Jovane encontrou sua principal referência: o professor Wolmar Trevisol, com quem trabalhou em um projeto de extensão em jardinagem e paisagismo chamado Roseira das Vovós. “Ele foi mais do que um professor, virou um amigo e apesar de já estar aposentado, ainda mantemos contato”, conta.

O professor Wolmar lembra com muito carinho do ex-aluno. “Nossa conexão foi imediata, pois ele era um jovem vindo de longe. Dediquei-me a oferecer apoio moral, acompanhando-o de perto. Com o tempo, nossa relação evoluiu para uma sólida amizade. Giovanni mostrou-se um excelente colega no setor, e também um amigo com quem eu podia compartilhar ideias e conversar durante as pausas. Ele sempre demonstrou grande interesse e participou ativamente dos projetos do setor.”

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Jovane (esq), professor Wolmar Trevisol (centro) e um colega de curso (dir), durante as atividades do projeto “Roseiras da Vovó”, em 2017

Em 2018 Jovane concluiu o técnico e não pensou duas vezes: escolheu permanecer na instituição para cursar a graduação em Medicina Veterinária. O início, no entanto, foi atípico. “Comecei em 2020. Tivemos duas semanas de aula e logo veio a pandemia. Foi um começo confuso, mas consegui participar de alguns projetos e seguir com os estudos.” 

Nos primeiros semestres da graduação, participou de pesquisas com bezerros e vacas leiteiras, envolvendo temas como alimentação e prevenção de doenças. No entanto, após um acidente que o afastou temporariamente da faculdade, precisou redirecionar sua atuação para a clínica de pequenos animais, como cães e gatos, com foco em cirurgia. “Sempre tive interesse na ortopedia veterinária. Hoje estou finalizando meu trabalho de conclusão de curso nessa área e quero seguir me especializando.”

Atualmente no último ano da graduação, Jovane já planeja o futuro. Pretende fazer residência, mestrado, doutorado e, quem sabe, voltar ao IFFar como professor. “Esse é um objetivo que me motiva muito. Quero devolver tudo o que a instituição me proporcionou e vou estudar bastante para isso”, afirma com convicção.

Além da formação acadêmica, o apoio institucional do IFFar também foi essencial. Jovane recebeu auxílio permanência, moradia estudantil e hoje conta com auxílio financeiro que o ajuda a continuar os estudos. “Sem esse suporte, seria muito mais difícil manter o foco”, afirma. 

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Jovane se prepara para concluir sua graduação em Medicina Veterinária no final deste ano

Educação que inspira e se multiplica
Sua trajetória também serviu de exemplo para a irmã, Márcia Diovana Ferreira. Em 2022, ela se mudou para Frederico Westphalen e também ingressou no curso de Medicina Veterinária. “Embora eu não tenha feito o técnico no IFFar, soube sobre o curso de Veterinária por meio do meu irmão. A escolha da área foi minha, mas o local teve influência. Ele sempre me passava uma impressão muito positiva sobre o campus”, conta.

Os pais não escondem o orgulho. Para a mãe, ver o filho se tornar independente, decidido e feliz é uma grande realização. Para o pai, que não teve as mesmas oportunidades educacionais, acompanhar a trajetória de Jovane é motivo de profunda gratidão. “Ele não corre atrás da educação, corre do lado dela, de mãos dadas”, reflete.

Hoje, inspirado pelos filhos, seu Jovane, lá em Manaus, voltou a estudar. Ele está cursando a Educação de Jovens e Adultos (EJA), modalidade de ensino destinada a pessoas que não concluíram o Ensino Fundamental ou Médio na idade regular, permitindo que retomem e concluam seus estudos.

E para as pessoas que estão longe de casa ou pensando em mudar de vida pela educação, Jovane deixa uma reflexão final: “Não é fácil, mas vale a pena. Muitas vezes, é só dar uma chance ao novo. Acredite no seu sonho, se cerque de pessoas boas e mantenha distância do que pode te prejudicar. Todo esforço vale a pena no final, disso eu tenho certeza”.

Secom

Redação: Daniele Vieira - estagiária de Jornalismo
Revisão: Rômulo Tondo - Jornalista
Colaborador: Elisandro Coelho - Relações Públicas

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