Mobrec – Professor Cesar Nunes defende escola como lugar de ser feliz
O professor Cesar Aparecido Nunes, da Unicamp, defendeu uma educação mais alegre, humanizadora e menos positivista. Fala ocorreu na manhã desta quinta-feira (9) durante o Mobrec.
O XVI Congresso Internacional de Educação Popular, o XXV Seminário Internacional de Educação Popular, o III Seminário Internacional Sindical - 2º Núcleo do CPERS Sindicato e o III Seminário Internacional de Educação Profissional do IF Farroupilha ocorrem em paralelo, de terça a sexta-feira (10). Os eventos, em conjunto, são popularmente conhecidos como Mobrec, nome de uma das instituições promotoras.
Relatando sua própria história de vida, o professor da Unicamp falou sobre a formação da educação no Brasil. Passando pela fase mais religiosa, quando os ensinamentos eram difundidos por padres jesuítas, até a austeridade das escolas do período militar.
Cesar Aparecido Nunes disse que a educação no Brasil, desde sua formação, está ligada a um pensamento positivista pouco pedagógico. Defendeu, pelo contrário, uma educação mais livre, plural e inclusiva; uma escola mais alegre. “Parem de fazer filas”, pediu o professor, referindo-se aos costumes de ordem e obediência vigentes nas escolas brasileiras.
“Memória se guarda no chip”
O professor Cesar Nunes disse que o ensino no Brasil está defasado. Criticou a avaliação feita a partir de provas e afirmou que “não existe nenhuma justificativa pedagógica para a reprovação”. Para ele, “memória, hoje, se guarda no chip” e “o papel da escola é fazer a mediação das informações necessárias à felicidade”.
Cesar Nunes lembrou que “a escola, quando quer, faz mal, atrapalha”. Ele defende o carinho e a importância das relações sociais no aprendizado. O conhecimento e o sucesso profissional, para ele, são consequências de uma educação de qualidade baseada nas relações humanas. “É preciso superar; superar o papel do educador autoritário pelo do educador amoroso”, disse.
Sobre as universidades, o professor da Unicamp disse que, no Brasil, o ensino superior é atrasado e não é popular. A primeira universidade brasileira, segundo ele, data de 1931. “Retirar a universidade da classe dominante e entregar ao trabalhador é um processo doloroso”, mas necessário, segundo Cesar Nunes.
Momentos de utopia e momentos de militância
O professor da Unicamp começou a palestra refletindo sobre o momento político do Brasil e dos países vizinhos. “É preciso que a gente entenda que há momentos de utopia e momentos de militância. Este é um momento de militância”, disse Cesar Nunes, referindo-se a “onda conservadora que assola a América Latina”. “Se eles voltaram, nós nunca saímos, nunca paramos de lutar”, encerrou.
Cesar Aparecido Nunes lembrou os avanços sociais alcançados pela sociedade brasileira, citando o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso, a demarcação de terras quilombolas e indígenas, as cotas raciais nas universidades, entre outras. Durante sua fala, o professor da Unicamp manifestou preocupação com possíveis retrocessos.
Para analisar a situação atual da sociedade, Cesar Nunes pediu que se olhe menos para a política e a economia e que se valorize os avanços da sociedade civil. “Para ser professor e educador podemos ter vários defeitos, só não podemos perder a esperança”, disse.
A programação do Mobrec continua até tarde de sexta-feira (10), no Clube Recreativo Dores, em Santa Maria. Cerca de 800 pessoas, entre elas professores e educadores, participam presencialmente da programação. O evento também é transmitido pela WebTV do IF Farroupilha.
Confira a programação completa aqui.
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