Hoje, 20 de novembro, mais um dia normal na vida de cada um.

Um dia de trabalhar.

Um dia de estudar.

Um dia de amar.

Um dia de comprar.

Um dia de descansar.

Um dia de viajar.

Um dia de fazer muitas coisas...

Roteiro este que poderia servir ao cotidiano de cada uma. Porém, não é bem assim!

Nossa história, infelizmente, produziu distorções que colocam pessoas em lugares distintos. Uma história cruel que insiste em colocar pessoas em lados opostos, como se diferenças e desigualdades fossem a mesma coisa, como se ambas fossem uma decorrência natural. Infelizmente, os dados estatísticos provam que o trabalhar e o descansar não cabe a todos, igualmente, em tempos e valor.

Isto se repete em quase tudo. No estudar, alguns podem, outros não. Para alguns poucos é busca de postos de trabalho privilegiados. Para outros, é letramento e instrumentalização para o trabalho.

Para alguns cabe o descanso, o viajar, o curtir a vida, o lazer. Para outros, muitos outros, cabe uma jornada de trabalho exaustiva e mal paga. Pior! Para tantos ainda nem isso lhes cabe, pois na busca de trabalho esbarra-se numa estrutura que para seu matiz de epiderme as portas se fecham.

Neste dia 20 de novembro, dedicado à luta da igualdade étnico-racial, o NEABI – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas, do Instituto Federal Farroupilha - Campus Panambi, vem a público trazer uma NOTA DE REPÚDIO à morte violenta, violente, cruel de João Alberto Ferreira Freitas, morto em Porto Alegre no dia de ontem (19 de novembro de 2020), por seguranças de um supermercado.

Da mesma forma, fica o repúdio ao que foi dito hoje (Estarrecedor, nesta data mesmo!!!), pelo vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão, de que “no Brasil não existe racismo”. O que é então uma estrutura de sociedade brasileira que se reforça nas desigualdades, em destaque aos negros, pardos, afro-brasileiros (“de cor”, nas palavras de Mourão), que se tornam estatísticas em registros policiais.

Tempos modernos que nos remetem ao modelo da escravidão, onde a naturalidade da violência criminal era obrigada a ser assistida pelos demais negros para servir de “regra”. A animalização e a tortura continuam sendo assistidas e gravadas, inclusive por funcionários do próprio supermercado, como uma cena de passeio dominical pelo zoológico.

Precisamos reconstruir nossa sociedade! Nunca é demais retornarmos às palavras reflexivas de Nelson Mandela:

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar elas podem ser ensinadas a amar”

Precisamos aprender a amar!

NEABI- IFFar – Campus Panambi

A invasão dos vândalos, com vídeos impróprios e xingamentos, ocorreu na noite dessa terça-feira, (10/11), durante uma reunião com pais e/ou responsáveis por estudantes do Ensino Médio.

Na noite de 10/11 estava programada a realização de duas reuniões sequenciais entre setores ligados à Direção Geral de Ensino do IFFar – Campus Panambi e pais e/ou responsáveis por estudantes dos Cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio. As reuniões, realizadas via Google Meet, tinham como objetivo apresentar o Calendário 2020/2 e suas especificidades, dado que o IFFar continua com atividades remotas até 31/12/2020.

Já na primeira atividade, com abordagem destinada aos pais/responsáveis por alunos de 1ºs anos, a reunião foi inviabilizada devido aos sucessivos ataques de vândalos que ingressaram na sala. O Coordenador Geral de Ensino, Carlos Rodrigo Lehn, relatou que “no momento em que iria começar a gravação da reunião, o chat foi tomado por mensagens ofensivas, utilizando palavras de baixo calão, além de haver compartilhamento de cenas de exposição sexual nas telas compartilhadas”.

A organização da reunião repudia veementemente quaisquer ações que possuem o intuito de inibir e prejudicar atividades que são organizadas a fim de promover práticas democráticas de diálogo sobre o planejamento acadêmico da instituição.

Diante do ocorrido, a denúncia à Polícia Federal será encaminhada, com registro em vídeo da reunião e relatório de acessos fornecidos pelo setor de Tecnologia da Informação da Instituição. 

Os organizadores lamentam o ocorrido e pedem escusas aos participantes.  As reuniões foram reagendadas para o próximo dia 13/11 e serão transmitidas via canal do Youtube da Coordenação de Tecnologia da Informação do IFFar – Campus Panambi, a fim de evitar que o mesmo se repita.

Sobre as invasões a atividades virtuais

Desde o início da pandemia da Covid-19, com a transferência para plataformas virtuais das atividades presenciais, houve vários registros de invasões a reuniões, debates, aulas e até mesmo apresentações de trabalhos de conclusão de curso. Em comum, a maioria dos ataques tem caráter racista, misógino e fascista, fazendo referência à suástica, com exibição de filmes pornográficos, xingamentos de cunho racial e lgbtfóbicos, entre outros.

Nos últimos dias, testemunhamos bloqueios arbitrários propostos pelo Ministério da Educação no orçamento das Instituições Federais de Ensino, o que desencadeou, no dia 15 de Maio, uma série de manifestações de estudantes e profissionais da educação por todo o Brasil. Os bloqueios foram realizados tanto na educação básica quanto superior, impactando todas as instituições de ensino federais brasileiras. Diante desse contexto, estudantes e servidores/as do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) - Campus Panambi também foram às ruas, na manhã da última quarta-feira, para protestar e fazer valer o direito que é garantido no artigo 5º da Constituição Federal.

Para nossa tristeza e indignação, testemunhamos, perplexos, manifestações de alguns cidadãos nas redes sociais nocivas à nossa imagem institucional. Atentos/as a tais fatos, manifestamo-nos em completo repúdio a todo tipo de manifestação que atente contra a idoneidade do IFFar, bem como do seu corpo de servidores/as e de seus/suas alunos/as. Ressaltamos que todas as medidas legais cabíveis estão sendo tomadas de modo a coibir manifestações caluniosas contra a nossa instituição.

Aproveitamos para CONVIDAR todos os cidadãos para conhecer a nossa instituição e o nosso trabalho. Nossas portas estarão sempre abertas a todos/as. O IFFar tem como missão “Promover a educação profissional, científica e tecnológica, pública, por meio do ensino, pesquisa e extensão, com foco na formação integral do cidadão e no desenvolvimento sustentável”, portanto, estamos à serviço de toda a sociedade, oportunizando aos/às cidadãos/ãs panambienses e da região uma educação pública, gratuita e de qualidade.

A doutrinação por meio da repetição de opiniões sem evidências, que nos é atribuída a partir de uma idiossincrasia hostil, não faz parte da realidade de nossa instituição. No IFFar praticamos a educação conforme previsto em leis que expressam a vontade popular de forma democrática.

Por fim, gostaríamos de manifestar a toda nossa comunidade acadêmica, em especial aos/às estudantes e servidores/as que participaram dos atos de protesto desse último dia 15 de Maio, que nos comprometemos a lutar, unidos aos demais Institutos Federais, contra todo tipo de ataque a quem defende a educação como mecanismo de cidadania e transformação social.

Alessandro Callai Bazzan

Diretor Geral do IFFar - Campus Panambi