Contexto atual da educação profissional é discutido no 9º Seminário de Acolhida
A palestrante convidada do 9º Seminário de Acolhida, Prof. Cláudia Schiedeck Soares de Souza, discutiu as dificuldades iniciais da criação dos IFs, bem como as oportunidades, ameaças e desafios da educação profissional na atualidade.
No primeiro dia da nona edição do Seminário de Acolhida, realizado no auditório da Reitoria, a professora Cláudia, ex-Reitora e docente do IFRS, apresentou um quadro histórico da expansão dos Institutos Federais. A partir de 2007, foram iniciadas as discussões sobre a criação dos Institutos Federais, a partir de um modelo democrático e transparente. “A grande questão inicial era como construir uma unidade diante da diversidade de instituições que precisavam ser unificadas”. Cláudia cita ainda a existência de múltiplas marcas durante o processo de criação, o que dificultava a construção de uma identidade visual única para os IFs, a qual foi, gradativamente, sendo debatida e construída.
Apesar das dificuldades de interiorização em regiões de difícil acesso como o Norte e o Nordeste, em que a logística ainda se torna um empecilho a ser vencido, Cláudia defende as inúmeras oportunidades que apareceram com os Institutos Federais: a ampliação e a qualificação dos espaços, a melhoria da infraestrutura, a contratação de novos servidores. “O que mais me emociona são as histórias de vida transformadas pelos campi, de gente que nunca teve acesso à educação e que, a partir do IF, conseguiu exercer a profissão que sonhava”.
Cláudia, no entanto, aponta as ameaças diante do cenário político e econômico atual. “A visibilidade das ações da rede precisa, mais do que nunca, ser fortalecida através da participação em eventos, de publicações e de parcerias públicas”. Além dos cortes orçamentários, ela menciona ainda as alterações na legislação vigente, como a reforma no Ensino Médio, os cortes nas conquistas das carreiras de servidores, “um retrocesso ao nosso modelo de democratização”. A iminência da privatização da rede federal é outro aspecto destacado por Cláudia, com a ameaça de cobrança de mensalidades, de parcerias público-privadas no futuro.
Sobre um possível processo de privatização, “ele reforça que só quem tem dinheiro pode ter acesso à educação de qualidade, o que põe em xeque o caráter democrático dos IFs”. Através da crítica a tal processo, Cláudia estimula a luta pelo fortalecimento da natureza dialógica da rede desde a sua construção. Diante desse cenário, os desafios apontados são: manter e ampliar o orçamento, intensificar a divulgação das ações da rede e inviabilizar tentativas de alteração na legislação. “Não podemos deixar as características intrínsecas aos IFs perderam força: os jogos, os processos de internacionalização, os programas de inclusão, os laboratórios, as pesquisas, os projetos de inovação”. Cláudia termina sua fala falando de perspectivas para o futuro. “Não posso deixar de visualizar três frentes para enfrentarmos esse cenário: resistência, luta e nenhuma conquista a menos”.
Secom
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