Instituições públicas do RS criam a Rede Interinstitucional de Enfrentamento da Desinformação em Saúde
O IFFar, junto do Ministério Público brasileiro e outras instituições federais de educação, assinou o termo de cooperação para a criação da Rede Interinstitucional de Enfrentamento da Desinformação em Saúde na última sexta-feira (8). A cerimônia foi transmitida ao vivo pelo canal do Ministério Público Federal (MPF) no Youtube.
Durante a abertura da cerimônia de assinatura do termo, a reitora do IFFar, professora Nídia Heringer, destacou a importância da iniciativa das instituições públicas para enfrentar a desinformação. Ela afirmou que saúde e informação são direitos fundamentais dos cidadãos. Prezar por informações verdadeiras é, para a reitora do IFFar, um dever público.
A criação da Rede representa, de acordo com a professora Nídia Heringer, a preocupação das instituições com o alcance das informações falsas e a consequência disso para os cidadãos. Demonstra também a importância de se realizar ações concretas para enfrentar o problema. A rede é, então, um compromisso social e científico assumida por todas as instituições participantes.
O procurador-chefe da Procuradoria Regional da República na 4ª Região, Antonio Carlos Welter, saudou a adesão das instituições de ensino, afirmando que, para promover informação de qualidade e combater a desinformação, a parceria com universidades e institutos federais é fundamental. "É essencial nos tempos de hoje que tratemos da informação, que alcancemos à população meios para que possa se informar e tomar decisões sobre temas relevantes, entre os quais, nesse tempo de pandemia, a saúde", afirmou.
Após a cerimônia de assinatura, ocorreu uma palestra com o tema 'Como enfrentar a desinformação em saúde? Construindo soluções em rede', ministrada pelas professoras Raquel Recuero, da Unversidade Federal de Pelotas, e Thaiane Oliveira, da Universidade Federal Fluminense. O evento pode ser assistido na íntegra, através deste link.
Confira a lista de instituições signatárias do termo e seus representantes na cerimônia:
- Procuradoria Regional da República na 4ª Região - procurador-chefe Antonio Carlos Welter
- Procuradoria da República no Rio Grande do Sul - procuradora da República Bruna Pfaffenzeller
- Ministério Público do Rio Grande do Sul - promotor de justiça Rodrigo Brandalise
- Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - reitora Lúcia Pellanda
- Universidade Federal de Santa Maria - reitor Luciano Schuch
- Universidade Federal de Pelotas - reitor Paulo Ferreira
- Universidade Federal do Rio Grande - reitor Danilo Giroldo
- Instituto Federal do Rio Grande do Sul - reitor Júlio Xandro Heck
- Instituto Federal Farroupilha - reitora Nídia Heringer
Também participaram Andréa Rehm e André Prytoluk, representando a Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Veridiana Krolow Bosenbecker, representando a Reitoria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul); as duas instituições devem, em breve, aderir à Rede, ao lado da Universidade Federal do Pampa.
Criação da Rede - A Rede Interinstitucional de Enfrentamento da Desinformação em Saúde resultou de um processo iniciado pelos procuradores regionais da República Paulo Gilberto Cogo Leivas e Maurício Pessutto, integrantes do Núcleo de Apoio Operacional à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão na 4ª Região (Naop 4ª Região). De maio a dezembro de 2021, integrantes do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Rio Grande do Sul e de universidades federais e instituições federais de ensino com sede no Rio Grande do Sul realizaram reuniões e promoveram um curso sobre desinformação para os integrantes do grupo. Em dezembro, foi elaborado pelos participantes um termo de cooperação e um plano de trabalho, que receberam a aprovação das instâncias decisórias das instituições e foram assinados no evento.
Palestra abordou estratégias de enfrentamento à desinformação em saúde
As pesquisadoras Raquel Recuero, da UFPel, e Thaiane Moreira de Oliveira, da UFF, apresentaram análises feitas a partir de estudos científicos sobre a desinformação. Raquel Recuero, é doutora em comunicação e coordena o Laboratório de pesquisa MIDIARS (Mídia, Discurso e Análise de Redes Sociais). Ela falou sobre os desafios colocados para quem se propõe a enfrentar o tema. "Hoje, a desinformação é sistêmica, ela não usa uma plataforma única ou uma forma única de chegar nas pessoas. Precisamos pensar num conjunto de coisas organizadas entre si para gerar impacto e se legitimar junto à população", explicou, alertando para as práticas profissionalizadas de desinformação, com estratégias discursivas e de difusão. Por fim, elencou estratégias sistêmicas de combate, entre as quais o combate à chamada "desinformação industrializada", que usa expedientes como a construção e a venda de perfis e as "fazendas de cliques", a promoção da circulação de conteúdo baseado em ciência e campanhas de letramento.
Thaiane Oliveira é professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordena o Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tecnologia e Educação (CiteLab). Durante sua fala, focada na desinformação científica, ela situou o contexto de ceticismo e desconfiança institucional, de crise epistêmica e de ataques à democracia. Analisou o conceito e as estratégias de combate à desinformação relacionada à ciência. Thaine mencionou uma pesquisa do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, que constata que o ceticismo está em ascensão - especialmente quando, diante de temas controversos, o sujeito depara com informações científicas que contrariam suas crenças. Diante disso, a pesquisadora da UFF destacou que é fundamental compreender os sistemas de crenças para construir estratégias eficazes de combate à desinformação.
Secom - com informações da Assessoria de Comunicação do Ministério Público Federal na 4ª Região (leia o conteúdo original aqui)
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