Motivação e atividade física: “Precisamos nos movimentar bem para viver bem”
Em uma reflexão leve e didática, o professor de Educação Física do IFFar, Anderson Fetter, explica os significados do conceito de motivação e destaca a importância da atividade física para manter a qualidade de vida em tempos de isolamento social.
"Em qual instante da sua vida você fica completamente PARADO?"
De maneira geral, muitos pensam que é quando estamos dormindo, em repouso. No entanto, neste estado, há ainda movimentos involuntários que o organismo desencadeia para continuar sobrevivendo, como os batimentos cardíacos, os movimentos respiratórios e peristálticos, entre outros. A resposta mais adequada é quando estamos mortos. Assim, proponho uma regra de três simples: se estamos parados quando estamos mortos, quando estamos vivos é porque... nos MOVIMENTAMOS. E, em uma regra de três composta: se estamos parados, estamos mortos; se nos movimentamos, estamos vivos.
E para vivermos bem, o que é necessário? Sim, precisamos nos MOVIMENTAR BEM!!!
Atividade física e exercício físico têm o mesmo significado?
Tudo aquilo que nos propõe nos ativarmos para viver é atividade física. Em poucas palavras, se fizermos o organismo alterar seu metabolismo básico, isto deve ser considerado como atividade física. Saímos da zona de conforto! Logo, as atividades físicas promovem uma respiração, um batimento cardíaco mais acelerado do que quando estamos dormindo: caminhar para ir ao trabalho, aparar a grama do quintal, cozinhar, entre outras atividades.
Já os exercícios físicos são as práticas desenvolvidas de maneira sistematizada, orientada para uma devida finalidade, que pode ser a manutenção da saúde, o desenvolvimento de flexibilidade, o desenvolvimento de força física e potência. Enfim, podemos resumir o exercício físico como o TREINO em si, em uma perspectiva metodológica. Musculação, dança e yoga são exemplos de atividades físicas. Quando colocamos método ao treino, transformamos nossa atividade em exercício.
O conceito de motivação
A palavra MOTIVAÇÃO se origina do latim motus (movido) e motio (movimento). Para viver, é necessário que haja movimento. Para se viver bem, é preciso que se faça bem os movimentos.
A motivação pode ser entendida como uma força energética que orienta o indivíduo em relação aos objetivos. Ela projeta o indivíduo para fazer as coisas, traçar planos e caminhos. Nos seres humanos, a escolha do caminho depende de vários fatores, a partir dos quais se busca gerar uma escolha de forma antecipada ao caminho com menos trânsito. Temos então, enquanto seres humanos, condições de elaborar mapas mentais, cognitivos, que vão elaborando caminhos dependendo da necessidade que se apresenta em um plano.
Fatores internos e externos da motivação
A discussão sobre os vetores da motivação transcendem diversas perspectivas. Há autores que a classificam de maneira dual em sua origem: motivação intrínseca, cujo viés se embasa no campo da automotivação, e motivação extrínseca, em que prêmios, auxílios e estímulos externos oportunizam a gênese de um estado de espírito que podemos chamar de entusiasmo. No entanto, para alguns autores, a motivação será sempre interna, originada no âmago do indivíduo conforme sua necessidade latente, não havendo, portanto, motivações extrínsecas, mas apenas estímulos externos.
“Se quero viver bem, é preciso que haja movimento”
Corpo e mente não podem ser dissociados no ser humano, o que torna fundamental uma profunda reflexão sobre as dinâmicas e objetivos a serem traçados. Se quero VIVER BEM, é preciso que haja motio e motios. E, para que haja movimento, é indispensável que haja motivação, mesmo que a preguiça esteja “ao pé do ouvido”, dizendo que o sofá é mais macio e confortável que calçar um par de tênis nos pés e dar uma volta na quadra.
“Mas como faço em tempos de pandemia, em que devo evitar sair de casa o máximo possível?”
Para podermos voltar a fazer exercícios ao ar livre com qualidade depois da pandemia, ficar parado é a última coisa que podemos pensar nesse momento. Para tanto, há diversas sugestões de atividades físicas para se fazer no conforto do lar. Cuidar da casa já é uma tarefa que exige bastante do organismo, e o resultado geralmente é bastante reconfortante. Aparar a grama do quintal, varrer a calçada, limpar a parte interna da casa, preparar o próprio alimento e manter a organização da cozinha, por exemplo, são atividades que exigem esforço e que nos trazem recompensas físicas e psicológicas.
Também é possível preparar uma música e dançar em casa. Dance para você! Dançar é uma atividade física que oportuniza o desafio e gera bem-estar de forma natural, pois faz o cérebro se ativar de maneira divertida. Brincar com os filhos, companheiros e animais de estimação também é uma forma de se ativar fisicamente.
Faça sozinho ou convide as pessoas que estão com você a praticar ginástica. É uma alternativa que intensifica as capacidades corporais. Buscar informações com profissionais de Educação Física para sistematizar exercícios físicos adequados à sua realidade corporal oportuniza alcançar resultados mais expressivos, além de ir ao encontro do VIVER BEM, pois estará realizando BEM seus MOVIMENTOS.
Há diversas formas de buscar a manutenção e regeneração do nosso organismo. Para isso, torna-se fundamental se DESACOMODAR, sair da zona de “preguiça”, olhar o horizonte e vislumbrar que o ser humano foi criado para descobrir um mundo cheio de coisas para serem feitas. Mexa-se. Mova-se. Viva bem!
Motivação como tema de pesquisa de mestrado
O professor Anderson Fetter defendeu sua dissertação na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto (ESE/IPP - Portugal) no final de 2018, no programa de Mestrado em Educação com Especialização em Educação e Formação de Adultos. Com o título "Por uma educação inspirada na vida, que inspira vida – a perspetiva dos professores dos cursos PROEJA quanto à formalização de saberes adquiridos no currículo", o professor fez um paralelo entre ações governamentais do Brasil e de Portugal para promover a valorização dos saberes adquiridos de indivíduos adultos para a certificação de sua formação escolar.
O objetivo principal foi verificar como os professores do PROEJA enxergavam a proposta de expandir a VAE (Validação de Aquisição de Experiências - prevista no Programa CERTIFIC) no currículo do programa, como elemento que pudesse motivar o estudante a buscar se manter no itinerário formativo oportunizado pela instituição.
Anderson entrevistou 12 docentes do IFFar que relataram se sentir desafiados a colocar em prática essa estratégia, além de considerarem muito significativo para a instituição propiciar esse espaço especial para o público adulto, mesmo com dificuldades internas para promovê-lo.
Mais informações sobre a pesquisa realizada pelo professor podem ser encontradas aqui.
Redes Sociais