Apesar do distanciamento físico devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, esta edição do evento, realizado pela primeira vez de forma não-presencial (via Google Meet), teve recorde de inscrições. Mais de 230 pessoas da comunidade acadêmica do IFFar - dentre essas, 175 estudantes -, estão registradas para acompanhar o encontro e receber certificado. Quem não faz parte do Instituto também pode assistir às atividades por meio dos links de transmissão divulgados antes das lives.

Não conseguiu acompanhar no dia? Assista no canal da WebTV IFFar à gravação da abertura oficial do evento e da primeira palestra.

Abertura destacou a importância do debate e do reforço de laços apesar do distanciamento social 

Nelson Viapiana na abertura do encontro, realizado via Google Meet (captura de tela).

Na abertura do evento, Nelson Viapiana Neto, representante dos discentes no Conselho Superior (Campus Alegrete), destacou a importância do encontro para a construção do senso crítico, o aprimoramento da capacidade argumentativa e para o reforço dos laços entre os estudantes do IFFar. “Todos os anos, nos encontramos com todas as lideranças para podermos debater sobre diversos assuntos, encontrarmos ideias e montarmos planejamentos para construirmos algo maior”. 

O professor Hermes Uberti, Diretor de Assistência Estudantil, escolheu duas palavras para definir esse encontro: momento histórico. Conforme o docente, há três motivos para isso. Primeiro, pela forma como é realizado. Originalmente, o III Encontro de Formação de Lideranças seria realizado em maio, no Campus Jaguari. Mas, por conta do atual contexto de pandemia e de suspensão de atividades presenciais, precisou de um novo planejamento. “Tivemos que mexer não só no formato, mas nas atividades, na programação, entrar em contato com os colaboradores. Enfim, nos reinventamos”. 

Os outros motivos para definir esta edição como um marco histórico são o recorde de inscrições e a diversidade das lideranças. Na forma presencial, nunca fora possível alcançar tal representatividade. “Pela primeira vez, conseguimos reunir lideranças que são membros do Conselho Superior, dos grêmios estudantis, dos diretórios acadêmicos, do diretório central dos estudantes do Campus Santo Augusto, além de líderes de turma”, listou o professor. Além disso, também de forma inédita, participam deste Encontro líderes dos polos de educação a distância e do PROEJA. 

O pró-reitor de Ensino do IFFar, Édison Brito, definiu o Encontro de Formação de Lideranças como uma das atividades mais importantes e alinhadas com o propósito do Instituto Federal Farroupilha, que visa à formação integral de cidadãos e cidadãs que poderão transformar o país. No mesmo raciocínio, a reitora, Carla Comerlato Jardim, destacou a importância de espaços institucionais como esses – construídos pelos próprios estudantes – para a autonomia e o protagonismo desses em suas trajetórias formativas. 

Professora convidou à reflexão ao alertar sobre as consequências do abuso em plataformas digitais

Rosane Leal da Silva durante a palestra sobre o uso das TICs e os direitos fundamentais (captura de tela).

A professora doutora Rosane Leal da Silva (UFSM) foi a convidada da primeira live do III Encontro de Formação de Lideranças, com a temática “Utilização das TICs por jovens internautas: ações para prevenir a violação dos direitos fundamentais dos usuários”. Por “jovens internautas”, a docente considera não apenas as pessoas jovens em idade, mas também os novatos no uso das tecnologias. 

As tecnologias de informação e comunicação (TICs) assumem ainda mais importância no atual contexto de distanciamento social, em que dependemos dessas ferramentas para a interação com amigos, familiares e colegas. A todo instante, nos conectamos com outras pessoas através de plataformas digitais que dão visibilidade aos nosso pensamentos e criações como nunca antes na história. 

Se, por um lado, a facilidade de utilizar essas tecnologias e de compartilhar conteúdo por meio delas traz inúmeras possibilidades, por outro, também pode viabilizar excessos e abusos que acabam por configurar violações aos direitos fundamentais dos indivíduos protegidos pela Constituição Federal brasileira.

"Existem direitos que são invioláveis tanto em nossas relações face a face como em nossas relações mediadas por tecnologias. O que acontece em uma rede social não está afastado do mundo, não está evadido da esfera do Direito", explicou a docente. 

Durante a live, Rosane mostrou vários exemplos de atitudes que, por serem frequentes, são banalizadas e vistas como “normais”, confundidas com o exercício da liberdade de expressão.

Ao longo da palestra, a docente mostrou exemplos de condutas em redes sociais que podem
causar danos ou até configurarem-se como crimes (captura de tela).

Incentivando o uso consciente e seguro das redes, o objetivo da docente foi dar ferramentas para que os jovens possam identificar comportamentos inadequados e, assim, protegerem-se de ou até evitarem a prática de condutas que possam causar danos e/ou configurarem-se como crimes contra outras pessoas.

“Espaços democráticos pressupõem ouvir e respeitar a opinião do outro, mesmo que seja diferente da minha [...]. Se eu parto para a ofensa, mesmo que seja no privado, estou injuriando. Se eu atribuo um fato negativo a uma pessoa publicamente, estou difamando. E se eu atribuo a prática de um crime a alguém, eu estou caluniando. E aí temos comportamentos que têm se mostrado tão recorrentes e que têm implicações jurídicas previstas no Código Penal”, exemplificou. 

Além dos crimes de injúria, calúnia e difamação, a docente abordou outras formas de abuso que são facilitadas pelas tecnologias, como o bullying virtual, a exposição indevida de imagens e a disseminação de discursos de ódio. Falou também dos efeitos indesejados que publicações descuidadas em redes sociais podem trazer para a vida pessoal e/ou profissional – nossa e de outros.

“Quando vocês forem fazer um uso que exponha demasiadamente seus familiares e seus amigos, pensem duas vezes: se é necessário, se é legal, para quem vocês irão dispor e quais os riscos dessa exposição. Pensem que depois que a gente envia, não tem como recuperar”. 

Para evitar a violação de direitos fundamentais, a docente incentiva o uso consciente e seguro das plataformas digitais. Isso passa pelo exercício responsável da liberdade de expressão, com conhecimento dos limites legais.

“Diante de tanta tecnologia, precisamos tomar muito cuidado com o que nossas comunicações estão produzindo nas outras pessoas. Numa era de tanta informação, temos que pensar também em comunicação. E comunicação pressupõe pensar sobre o que eu estou transmitindo produz no outro e nos seus sentimentos”. 

A live foi mediada pelo estudante Wezer Carvalho, do Campus São Vicente do Sul.

Saiba mais

A programação do III Encontro de Formação de Lideranças Estudantis segue no dia 8 de julho, com a live “Vidas negras importam”, em parceria com o projeto Café com Inclusão.  

Confira a programação completa do evento.

Reprodução: SECOM/Reitoria