Produção orgânica de frutas, hortaliças e grãos
A turma do Curso Técnico em Agricultura do IFFar – Campus Panambi realizou sua primeira Prática Profissional Integrada (PPI), que articula conhecimentos de diferentes áreas e disciplinas em um único trabalho. Organizados em 7 grupos, com 5 integrantes cada, os projetos abordaram assuntos relacionados à “Produção Orgânica”, tema central da PPI. Dentro dessa temática foi abordada a produção orgânica de frutas, hortaliças, sua relação com insetos (abelhas), a segurança alimentar e a preservação do meio ambiente.
O coordenador do curso, Adriano Arriel Saquet, juntamente com outros docentes que participaram das avaliações dos projetos, realizou uma contextualização sobre o tema e enviou um resumo sobre os trabalhos apresentados.
De acordo com o docente, as apresentações dos trabalhos surpreenderam positivamente, fazendo com que tenhamos grande expectativa em relação a esses profissionais em formação.
Confira!
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
O sistema agrícola de produção orgânica pode ser considerado como um conjunto de processos que envolvem intimamente o solo, a planta e o ambiente de modo usar efetivamente a resistência natural das plantas, a adubação orgânica, a rotação de culturas, a cobertura do solo e a biodiversidade no ecossistema. O sistema de produção não é visto ou tratado como uma perturbação, mas sim, com suas partes incorporadas com um funcionamento de melhor harmonia.
A produção dos alimentos torna-se mais saudável com menos acúmulo de resíduos químicos-sintéticos, usados, na maioria dos casos, intensamente na agricultura de sistema convencional. Os produtos cultivados organicamente são mais ricos em vitamina C e vários nutrientes como os carboidratos, elementos minerais e água e, nas raízes e tubérculos, o amido é, normalmente, encontrado em maiores quantidades.
A agricultura orgânica tem se desenvolvido rapidamente no mundo nos últimos anos e está sendo praticada atualmente em mais de 120 países. A perspectiva é de que a área cultivada, bem como o número de propriedades, continue aumentando. Além disso, é possível presumir que muitas propriedades não certificadas estejam produzindo em muitos países. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, os países maiores produtores no sistema orgânico, com relação à sua área total agricultável, são os seguintes: Áustria com 21,3%; Suécia com 18,1%; Suíça com 14,4%; Itália com 14,2%; Finlândia com 10,5% e Alemanha com 8,5% de sua área agricultável.
O Brasil, apesar de ter aumentado sua área com produção de orgânicos, cultiva atualmente, um baixo percentual de 1,13% com relação a sua área agricultável. A Região Sudeste destaca-se como a maior produtora com uma área em torno de 330.000 ha com produção de orgânicos. A Região Sul, apesar de uma grande quantidade de pequenos produtores, cultiva apenas 38.000 ha com orgânicos. Estes dados indicam um campo de trabalho ainda vasto a ser explorado com a produção de orgânicos, sejam hortaliças ou frutíferas.
Encontram-se muitos argumentos favoráveis à produção orgânica de hortaliças, frutas e, até mesmo, de culturas anuais. Alguns dos argumentos são os seguintes: o leite de vacas criadas no sistema orgânico possui maior quantidade de ômega 3; frutas e hortaliças possuem maiores teores de elementos funcionais como o resveratrol, flavonóides e vitamina C; saladas folhosas possuem menores concentrações em nitratos; produtos orgânicos possuem poucos defensivos agrícolas em sua composição.
Além destes aspectos relacionados à nutrição humana, existem outras questões interligadas à segurança alimentar e maior proteção ao meio ambiente quando se cultivam produtos agrícolas no sistema orgânico. A agricultura orgânica tem um caráter mais social. Diminui os custos com a saúde da população em geral, porque os alimentos são mais saudáveis. Promove inclusão social das pessoas no campo e melhora a saúde do produtor, o qual não se envolve diretamente com produtos químicos perigosos.
https://iffar.edu.br/noticias-pb/item/22505-produ%C3%A7%C3%A3o-org%C3%A2nica-de-frutas,-hortali%C3%A7as-e-gr%C3%A3os#sigProId3e113dac4c
RESUMO EXPANDIDO DAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS INTEGRADAS
A turma do Curso Técnico em Agricultura – integrado ao ensino médio, composta por 35 alunos foi dividida em 7 grupos, sob a orientação dos professores/as, elaboraram 7 projetos com assuntos relacionados ao tema geral “PRODUÇÃO ORGÂNICA”.
- Um dos grupos teve por objetivo fazer um levantamento bibliográfico sobre a composição nutricional e segurança alimentar de produtos agrícolas produzidos no sistema orgânico, bem como, fazer um planejamento de um ensaio prático com a cultura do tomateiro comparando o cultivo orgânico e convencional. O levantamento bibliográfico levará em conta, principalmente aspectos relacionados as concentrações de vitaminas e minerais dos produtos orgânicos e convencionais, sendo que o ensaio a campo irá comparar a composição de tomates produzidos nos dois sistemas, buscando mostrar, na prática, estas diferenças.
- Outro tema trabalhado por um segundo grupo está relacionado à produção de beterraba orgânica. Neste trabalho será testada a produção de beterraba de forma orgânica envolvendo aspectos socioeconômicos e ambientais, além de analisar as técnicas de produção da cultura. Outra questão a ser analisada será o custo-benefício da produção de beterraba orgânica no Rio Grande do Sul.
- Um terceiro grupo está estudando a importância do sistema de produção orgânica com relação à proteção da biodiversidade das abelhas. Sabe-se que no sistema agrícola convencional se utiliza com maior frequência e intensidade inseticidas para combate à insetos-praga nas lavouras e outros cultivos. No entanto, o uso massivo de inseticidas visando o controle de insetos-pragas, acaba por eliminar uma quantidade muito grande de abelhas, as quais são responsáveis pela polinização de praticamente quase todas as culturas, desde as culturas anuais até frutíferas e hortaliças. Este fato afeta drasticamente a produção de alimentos de origem vegetal e é meta do grupo investigar esta situação.
- O custo-benefício da produção de morango orgânico em comparação ao morango cultivado no sistema convencional está sendo estudado por um quarto grupo de alunos. A pesquisa irá comparar os custos e benefícios da produção do morango orgânico em relação ao seu cultivo convencional. Além disso, levantar com alguns produtores da região se a produção orgânica de morangos é economicamente viável para uma propriedade média a grande.
- A produção orgânica de tomates será estudada por um grupo adicional de alunos. A presente proposta de pesquisa visa demonstrar como ocorre o plantio do tomate orgânico, de que forma ocorre a preparação do solo e apresentar os problemas e benefícios que esta hortaliça-fruto oferece aos produtores e aos consumidores em geral. Esta hortaliça-furto pode ser cultivada em hortas de pequeno espaço ou em uma área com maior extensão. No caso de ser produzido em uma horta pequena, é possível que se produza tomates maiores e de grande qualidade. Mas para que isso ocorra é preciso estar atento a algumas informações básicas sobre os princípios básicos e técnicas de cultivo de tomate orgânico.
- Outro grupo irá estudar a produção de alface orgânica. A proposta de cultivo de alface orgânica será elaborada com o propósito de atender aos agricultores familiares do município de Panambi, RS. Uma das metas é de elaborar e levar ao produtor, técnicas de fácil acesso para o cultivo de alface orgânica. Desenvolver, na prática, um sistema de cultivo da cultura e verificar sobre a viabilidade econômica e social para estes produtores familiares.
- Os desafios da produção orgânica de hortaliças no Brasil também é tema de estudo de um grupo de alunos. Os desafios da produção orgânica de hortaliças no Brasil decorrem da dificuldade de cultivo sem a utilização de agentes químicos, comuns na agricultura tradicional. Já os benefícios da produção orgânica abrangem a alimentação com produtos saudáveis e de qualidade, ausência de impacto negativo ao meio ambiente e ao consumidor. Desse modo, o presente projeto abordará a produção orgânica de hortaliças no Brasil, delimitando os seguintes enfoques: benefícios da produção orgânica; população consumidora; desafios da produção de alimentos quimicamente inalterados e; ocorrência de pragas e doenças.
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